Os 21 dias após o nascimento do meu filho com síndrome de Down

21/03/2018
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Renata Florêncio Robles

Foram 21 dias longos, cansativos, indo e vindo para hospital. Nosso filho mais velho, Igor, tinha apenas 5 aninhos e estava muito confuso. Pois, além de não poder visitar o irmão, não entendia o porquê de toda a mudança na rotina lá de casa. Mexeu com toda família.

Não entendíamos o motivo pelo qual tínhamos que passar por essa luta, ou melhor, por todas essas lutas.  Mas, o Senhor nos trata nos mínimos detalhes. Ele sonda nosso coração. Desde que soube que meu pequeno teria Síndrome de Down, nunca pensei com desprezo, preconceito ou qualquer termo do gênero. Sempre amei aquele bebê na minha barriga, mas sofria de um sentimento muito forte: MEDO.

Tive medo por meses, pois não sabia o que estava por vir. E, então, aprendi, nesses 21 dias, a quebrar esse “medo” dentro de mim. Se eu voltasse para casa logo após o parto, com certeza não saberia como lidar com meu filho especial. No hospital, as enfermeiras que colocavam meu filho nos meus braços, no meu peito para amamentar, pediam para eu mesma cuidar dele, fui aprendendo e Deus sempre comigo. Um longo futuro estava por vir, com as terapias, necessidade de inclusão social. O medo diminuiu naquele instante, porém não cessou, mas o Senhor sempre me mostra que eu sou capaz e que ELE está no controle.

Após os 21 dias, Mateus teve alta, afinal, estava progredindo muito bem.

O tempo passou e chegou ‘aquele dia’ tão aguardado: a primeira visita à APAE. Quando passamos por uma avaliação e sessões de fisioterapia e fonoaudiologia. O temor do desconhecido era grande e confesso que não tinha a menor vontade de submeter meu filho àquelas avaliações todas. Ledo ENGANO. Em questão de horas, percebi as vantagens das terapias, graças às explicações das terapeutas preparadas e atenciosas.

Nosso inicio na APAE

Começamos os atendimentos rapidamente. A cada sessão, uma evolução nova. Em cada gesto conseguido pelo Mateus há um novo orgulho. Ele, tão pequeno, nos enchia de felicidades, diariamente. O sorriso, a mãozinha pegando os objetos, o olhar me acompanhando, o reconhecimento dos pés… Para muitos parece pouco, para nós é um universo de ALEGRIA. E, aprendi, a agradecer ao Senhor por tantas vitórias a cada evolução.

Ter uma criança especial é muito gratificante. Conhecemos um mundinho diferente que até então não conhecíamos. Viver nesse mundo é a maior benção que existe!

Não é fácil! É necessário muito estímulo, terapias, persistência diária para conquistar coisas que parecem simples para uma criança sem a síndrome, como firmar do pescocinho, sentar, arrastar, engatinhar, andar, falar, bater palminhas. É tudo muito, muito suado, mas MUITO GRATIFICANTE.

A evolução gradativa

O Mateus andou com um ano e cinco meses, saiu das fraldas com 4 aos, a fala foi um pouco mais demorada ,mas hoje, com 8 anos fala muitas coisas, se expressa muito bem e está super desenvolvido.

Ele frequenta a escola regular desde os 3 anos. Faz sessões pedagógicas duas vezes na semana, fonoaudióloga uma vez, musicalização e natação. E estimulamos em casa também com atividades cotidianas e pedagógicas.

Mateus tem seu irmão Igor como um exemplo a seguir, como um professor, tudo o que Igor ensina, ele aprende com muita facilidade.  Ama por demais este irmão. É uma criança muito inteligente, educada, FELIZ e CARINHOSA. Por onde ele passa deixa marcas, professores, amigos, familiares, vizinhos…todos sempre elogiam nosso filho.

Ele é tratado como uma criança normal. Quando temos que brigar, colocar para pensar, assim como fizemos com nosso primeiro filho, nós fazemos com o Mateus sem diferença alguma. Isso deixa as pessoas de fora um pouco admiradas, mas tem funcionado muito bem por aqui.

O Mateus ganha um irmãozinho

Com toda essa vida corrida de dois filhos, terapias, escolas, afazeres da casa, NUNCA pensamos em ter mais filhos. Mesmo porque o primeiro pensamento é de acontecer de novo…Mas, os planos não são apenas nossos.

e….então de repente , estou GRÁVIDA!!!!!! Socorro!

Num primeiro momento, eu pirei. Apenas pensava que não iria dar conta de TRÊS filhos. Loucura, loucura, loucura. Fiquei muito assustada, enquanto que meu esposo não se aguentava de tanta alegria. Falando em marido, ele que me deu forças e me ajudou a acreditar que iriamos vencer. Tive medo de que poderia ser uma criança especial, mas em minhas orações Deus me consolava e me dizia que o Mateus foi um presente, uma preciosidade única para nossa família e que este bebê que eu estava esperando iria vir para acompanhar o Mateus e ajudá-lo a se desenvolver ainda mais. O Senhor sempre me consolando e cuidando de todas as coisas.

Salmo 127:3

Quanto a seus filhos, eles são herança do SENHOR: o fruto do ventre é um presente de Deus. 

Como é lindo ‘o cuidar em nossas vidas’, ELE é perfeito….Quando comecei a dar a noticia que estava grávida, muitos diziam que agora seria uma menina, pois na lógica do mundo e das pessoas tinha que ser. Mas, ganhamos um novo bebê, que veio menino para acompanhar cada passo do Mateus. As mesmas brincadeiras, as idas ao banheiro, os brinquedos de meninos, enfim, tinha que ser  o caminhar de menino para estar presente na vida do nosso Mateus.

Felipe nasceu lindo, perfeito e loiro de olhos azuis. É alegria do Mateus e o estimula o tempo todo. Somos uma família muito FELIZ E ABENÇOADA!

Igor: nosso primogênito tão esperado;

Mateus: nossa Joia Rara;

Felipe: nosso presente;

Agradeço à Deus por ter confiado à nossa família, filhos perfeitos aos Seus olhos, uma preciosidade única  e por poder viver esse amor tão intenso a todo momento com cada um deles!!!

Renata Florêncio Robles é casada com o Willians, mãe de três meninos: Igor, Mateus e Felipe.

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Família

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