Home office: o ambiente que veio para ficar

08/11/2021
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Aquele home office que você improvisou há mais de um ano e meio, quando o isolamento social foi imposto pela pandemia do novo coronavírus, parece que veio pra ficar, e agora, ele faz parte do seu lar. O fato é que agora você tem um home office para chamar de seu e quer deixá-lo, não só confortável e bonito, mas também funcional e com a sua cara. A boa notícia é que é possível fazer isso sem muito esforço.

A arquiteta e urbanista Karla Patrícia, sócia diretora da Norden Arquitetura e responsável pela gerência de interiores do escritório, separou oito dicas que vão ajudar a dar aquele upgrade nesse ambiente que se tornou tão importante no lar.  Primeiramente ela lembra que montar e decorar um home office pode parecer algo fácil, afinal “é só arranjar um pequeno espaço na casa, colocar uma cadeira, uma mesinha bacana e um computador e está tudo bem”. Ledo engano. Aliás, segundo ela, planejar espaços pequenos, como um home-office, exige muito cuidado e atenção.

Privacidade e silêncio – Quem precisou improvisar um home office durante a pandemia descobriu logo que ele não cabe em qualquer canto da casa. Barulho, gente passando, pet aparecendo durante a videoconferência, criança gritando “paiê” ou “mãiê” durante uma ligação, difícil né? Por isso, a primeira dica de Karla Patrícia é: escolha um lugar que possibilite o mínimo de privacidade. “O melhor é procurar um cômodo da casa mais isolado, de preferência que esteja longe da TV da casa, em que transite menos pessoas possível, como a varanda, por exemplo”, sugere a arquiteta. Sobre os barulhos, Karla Patrícia diz não precisar gastar com isolamento acústico do lugar onde será o home-office, a não ser que queira montar um estúdio em casa, ai é bem diferente. “Para o problema do barulho um bom headset ou fone de ouvido com microfone já resolve”, diz a arquiteta.

Iluminação e ventilação – São duas coisas que parecem ser óbvias quando se monta um home office, mas que muita gente só percebe quando passa a usar por várias horas do dia um determinado espaço da casa e descobre que falta mais luz e ar naquele lugar. Conforme Karla, uma boa iluminação e ventilação, naturais de preferência, são importantes principalmente para quem irá trabalhar em casa durante o dia.

Mas para quem tem aptidão ao trabalho noturno isso pode ser diferente. “Estudos mostram que seguir o ciclo circadiano para trabalhar é o ideal, porém existem pessoas muito bem adaptadas ao trabalho noturno o que no caso, torna menos importante a presença de janelas no ambiente, que pode por exemplo ser climatizado”, explica a arquiteta.

3 – Espaço aproveitáveis – Para a arquiteta Karla Patrícia, a falta de espaço não chega a ser um grande problema para quem quer montar seu home office. Ela frisa que se não há na casa um cômodo que foi destinado para isso, o jeito é pensar nos espaços que se tem disponíveis e qualquer lugar pode ser usado, desde que se tenha o mínimo de isolamento possível e que não atrapalhe a circulação na casa. “Salas e sacadas em apartamento são boas opções, desde que não estejam perto de TV, pois isso pode atrapalhar, daí a necessidade novamente de uso de headset”, sugere.

A arquiteta salienta que um home office pode ser montado até num ambiente externo como os fundos de uma casa ou uma varanda. “Num local aberto, por exemplo, o ideal é usar notebook que tem mobilidade ao invés do PC convencional, para evitar possibilidade de poeira e chuvas, até mesmo que o equipamento fique tomando muito sol”, esclarece Karla.

Um cômodo que Karla não recomenda para abrigar um home office, mas muita gente usa equivocadamente, é o quarto, e a arquiteta explica porque. “Não aconselho que seja utilizado o quarto, mesmo que seja grande, pois trabalhando em casa duas coisas que devem ficar muito bem separadas são a área do descanso e a de trabalho.

4 – Investimentos necessários – Custar caro ou não para montar um home office, segundo explica a arquiteta Karla Patrícia, vai depender do quanto a pessoa está disposta ou tem disponível para que este espaço lhe dê a melhor condição possível para poder trabalhar. Ela diz que dá para montar com o que se tem em casa mesmo, sem gastar nada ou quase nada, mas lembra que isso é válido para quando o uso do home office é temporário ou usado ocasionalmente.

Mas se o trabalho em casa é algo que faz parte da rotina diária da pessoa, Karla sugere que vale a pena fazer um certo investimento, principalmente em itens que trarão saúde ergonômica. “A altura da mesa pode variar de 72 a 76 cm para conforto e as bordas da mesa tem que ser preferencialmente abauladas, a cadeira é um fator extremamente importante para quem trabalha mais de quatro horas por dia. Precisa ter ergonomia e ser ajustadas a altura, encosto, apoio de lombar, etc”, diz Karla Patrícia.

5 – Organização sempre – Se no escritório convencional sempre foi exigido a manutenção de um ambiente limpo e organizado, ao se trabalhar num home office não é diferente. Por isso, segundo explica Karla Patrícia, ter nesse seu cantinho do trabalho em casa caixas ou compartimentos em que você possa, de maneira fácil, organizar papéis e pastas é fundamental.

“Um espaço de trabalho bagunçado dá uma certa confusão mental, atrapalha. Ter por perto porta lápis e canetas, bandejas para papéis, um quadro de recados são ótimas ideias. Objetos de decoração relacionados ao trabalho da pessoa e que sirvam de inspiração, também caem bem”, afirma Karla.

6 – Ambiente desmontável para dois usos – Um problema que muita gente encontra na hora de usar home office é que o espaço escolhido é, muitas vezes,  usado para outras coisas, como uma varanda por exemplo, lugar onde muitas vezes recebemos as pessoas socialmente e até fazemos um churrasco de fim de semana.

Para contornar esse problema, a arquiteta Karla Patrícia diz que é importante sempre usar móveis e equipamentos que tenham grande mobilidade, ou seja, possam ser mudados de lugar facilmente. “Como já disse, um notebook é um equipamento que te dá grande mobilidade, então dá para você usá-lo fácil numa varanda. Mas se você trabalha num PC aí fica difícil”, destaca.

A arquiteta lembra ainda, que se a pessoa tiver condição de investir um pouco mais no seu home office, o ideal é pensar em algum móvel planejado, o que possibilitará o uso do ambiente para duas ou mais funções, sem muito trabalho para ter que mudar as cosas de lugar. “Fazer um móvel planejado para que o espaço tenha dois usos é interessante, para manter a organização da casa. Isso pode ser resolvido com um bom projeto de arquitetura de interiores”, diz Karla.

7 – Decoração – A arquiteta Karla Patrícia explica que um espaço de trabalho, dentro ou fora de casa, precisa ser um ambiente que facilite a atividade laboral, ajuda principalmente na concentração. Mas ela lembra que não é por essas coisas que o home office vai deixar de ter a sua cara ou seu estilo.

“Gosto pessoal da pessoa deve ser levado em conta, pois cada um tem suas preferências e isso irá influenciar no bem-estar que este ambiente irá proporcionar. Um local que está sempre organizado sempre trará um aspecto agradável aos olhos, e o seu estilo pode ser marcado nos detalhes, nas cores e estampas dos objetos que estão no seu home office, como os portas lápis, clips de papel. Como disse antes, objetos que fazem referência à sua profissão ou até mesmo fotos da família podem ser usados tranquilamente”, esclarece a arquiteta.

8 – Cenário instagramável – Um elemento relativamente novo na rotina de trabalho das pessoas é o uso das ferramentas de videoconferência. Com a necessidade maior de se trabalhar em casa, devido à pandemia, não foram raras as situações de constrangimento de quem não, digamos, tinha um bom cenário para se fazer uma vídeo chamada.

Se você não quer que o que está ao fundo da sua transmissão de vídeo chame mais atenção do que o que você está falando, a arquiteta Karla Patrícia sugere que a decoração possa ser até uma simples parede branca ao fundo, “afinal reuniões precisam ter foco na pessoa e não no ambiente onde ela está”.

Mas a arquiteta lembra que muita gente se sente melhor quando o espaço usado reflete um pouco da personalidade da pessoa. “Para isso a imaginação e a criatividade de cada um é o limite, assim como o valor a ser investido. A pessoa pode por exemplo fazer apenas um biombo que ela coloque atrás de si a cada reunião e que seja desmontado e guardado, uma estante de rodinhas, um painel, um banner, um fundo verde para projeção, são muitas possibilidades. A própria casa da pessoa pode sim ser um bom cenário, desde que não tenham pessoas passando por ali no caso de reuniões mais formais”, orienta a arquiteta.

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