Meu filho virou adolescente, e agora?!

04/09/2018
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Da Redação

Com mudanças físicas e psicológicas, a adolescência marca a transição da infância para a idade adulta. Essa fase engloba jovens entre 10 e 20 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde. É nessa idade que os conflitos internos e externos aparecem, e as brigas, rebeldia e discussões também. De acordo com Karin Kenzler, psicóloga e orientadora educacional do Colégio Humboldt, é preciso que os pais entendam as transformações pelas quais os filhos estão passando e proporcionem um ambiente seguro e afetivo para minimizar riscos, como acidentes, gravidez precoce e doenças.

Entendendo as mudanças

Durante a adolescência, os hormônios entram em cena. Protagonista no corpo dos jovens, essa bomba hormonal é responsável não só pelas transformações físicas, como também pelas alterações de humor e comportamento.

“As primeiras mudanças que chamam atenção são as físicas, como suor, pelos, timbre da voz, espinhas, altura e peso. Muitas vezes, o adolescente sente vergonha dessas mudanças e fica preocupado com elas. Se sente feio, desengonçado e fica com a autoestima baixa, demonstrando comportamentos como oscilação de humor, isolamento, rebeldia e agressividade”, afirma a psicóloga Karin.

Por isso, ela destaca a importância de esclarecer essas mudanças com os filhos, ressaltando que se trata de uma fase temporária. “Comemorar, notar e comentar com satisfação as mudanças como algo esperado é positivo.”

Como lidar com a rebeldia?

Para Karin, o modelo corretivo de educação, à base de broncas e castigos, funciona até certa idade. “Porém, com a chegada da adolescência, a eficácia dos mesmos cai, porque o filho irá se rebelar, opor ou fazer escondido”, explica.

Segundo a psicóloga, a melhor maneira de tratar as rebeldias é por meio do diálogo, ensinando-os a lidar com as questões da vida, como tomar decisões, fazer acordos, escutar e solucionar conflitos. “É importante deixar que o adolescente compartilhe e acompanhe o raciocínio, o pesar dos prós e contras e se exercite na tomada de decisões. Que se dê a ele participação na elaboração de limites, acordos e decisões, sempre com supervisão dos pais”, aponta.

Entretanto, Karin salienta que o diálogo com um adolescente pode ser frustrante para os pais, principalmente quando recebem respostas monossilábicas, agressivas ou defensivas.  Para reverter essa situação, a dica é tomar alguns cuidados na hora da conversa. “É preciso escutar o que eles têm a dizer, se despindo de preconceitos, críticas ou julgamentos. Pesquisar, perguntar e entender seus motivos e ajudá-los a terem maior clareza da situação e uma postura mais reflexiva. Demonstrar ao filho o dilema que está em jogo, isto é, as duas opiniões conflitantes”, explica.

Construção da personalidade

Como uma fase de desenvolvimento e construção de personalidade, o apoio dos pais durante a adolescência é essencial. Para Karin, o foco da conversa com os filhos é criar intimidade. “O que previne desvios do desenvolvimento saudável não é a informação, mas o laço afetivo”, afirma.

Além disso, a orientadora também ressalta a necessidade de respeitar o espaço pessoal do jovem, que pode vir acompanhado de um isolamento. “Eles podem passar um dia inteiro fechados no quarto, e se isolarem da família. É comum que os pais se desesperarem diante dessa atitude, porém eles precisam desse tempo para pensar e refletir acerca de quem são para formar sua própria personalidade”.

A melhor forma para lidar com o filho adolescente, segundo Karin, é se interessar pelo universo dele, escutar com paciência e indicar, através da conversa e intimidade, o caminho para a vida adulta. “Assim como a larva passa pela fase do casulo para depois virar uma linda borboleta e voar, a criança passa pela adolescência para se tornar um adulto. Como pais, precisamos favorecer esta metamorfose, propiciando um ambiente tranquilo e seguro, sem apressar este processo. Se exigirmos a saída prematura do casulo, teremos borboletas amorfas”, finaliza.

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