Em menos de dez anos, o Brasil pode ter mais de 11 milhões de crianças obesas

08/07/2018
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A Federação Mundial de Obesidade já alertou: em menos de 10 anos, o Brasil pode ter 11.3 milhões de crianças obesas. Para se ter uma ideia, atualmente, cerca de 15% delas têm a doença diagnosticada ou apresentam sobrepeso, dado que demonstra a urgência de debater o assunto e, principalmente, oferecer soluções que garantam um desenvolvimento saudável, inclusive àquelas que sofrem com outros problemas relacionados a alimentação, como intolerâncias e alergias, por exemplo.

No Brasil, 9,4% das meninas e 12,7% dos meninos estão obesos.

A obesidade pode ser desencadeada por fatores ambientais, biológicos, hereditários e psicológicos, mas, segundo especialistas, certamente são os hábitos os principais causadores. “Menos de 5% dos casos são decorrentes de doenças endocrinológicas e a hereditariedade só se manifestará se o ambiente permitir”, explica a endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-PR), Rosana Bento Radominski.

egundo ela, os índices de sedentarismo e a alimentação inadequada no ambiente familiar são os principais colaboradores para o crescimento exponencial no número de crianças e adolescentes obesos. “As crianças estão passando muito tempo em frente ao computador e celular e fazendo pouca atividade física”, reforça a médica. “Além disso, é preciso uma mudança de hábitos na alimentação de toda a família para que a criança seja motivada a se alimentar melhor”. A médica ressalta ainda que há poucas opções de medicamentos para auxiliar no emagrecimento infantil. O tratamento é baseado em atividade física e reeducação alimentar.

Tratar a obesidade não é uma questão estética. Problemas de saúde relacionados ao excesso de peso vêm afetando crianças cada vez mais novas. Complicações como hipertensão arterial, colesterol e triglicerídeos elevados, resistência à insulina (que pode evoluir para o diabetes tipo 2) e até mesmo apneia de sono são alguns desses problemas. “A obesidade nos meninos é ainda mais grave devido ao acúmulo de gordura abdominal, que traz maior risco de problemas cardiovasculares”, alerta a médica.

Aspectos psicológicos

A família também deve considerar os aspectos psicológicos da obesidade infantil. Segundo os especialistas, conforme o avanço na idade, maior a probabilidade de sofrer preconceito e bullying devido ao excesso de peso. Isso afeta a interação da criança com os grupos, a socialização e pode levar, até mesmo, a um quadro de depressão. “É um círculo vicioso: a criança sofre com a diferença, se isola e tende a praticar menos atividades físicas e compensar a tristeza na alimentação“, revela a endocrinologista.

Outro fator importante a ser observado é se o quadro de obesidade não é decorrente de fatores psicológicos. Muitas vezes, desequilíbrios emocionais e até mesmo casos de abuso sexual desencadeiam a doença. Nesses casos, o acompanhamento de psicólogos e uma equipe multidisciplinar é essencial.

Conduta saudável

Rosana Bento Radominski ressalta a importância da participação de toda a família no tratamento e prevenção da obesidade. “Comer de forma saudável não é recomendação exclusiva para o paciente obeso. Toda a família deve cuidar da alimentação e não deve haver diferenciação entre magros e obesos. Uma dieta nutricional equilibrada faz bem a todos”, afirma.

A atividade física também deve ser equilibrada e fazer parte do cotidiano. “Não basta matricular a criança em uma academia. É preciso incentivar hábitos diários mais saudáveis como caminhar todos os dias, procurar subir escadas e brincar, por exemplo”, reforça a médica.

Outra dica importante é regular o tempo da criança em frente às telas de computador, celular e televisão – o que não deve exceder mais que duas horas diárias. E também buscar ajuda em grupos de apoio ao tratamento da obesidade.

De acordo com a Associação de Diabetes Juvenil são cerca de um milhão de crianças diabéticas no Brasil, e provavelmente, o que já aponta para o risco de uma epidemia de sobrepeso e obesidade em crianças. Até alguns anos atrás, crianças e adolescentes apresentavam apenas Diabetes tipo 1, e nos últimos anos cresceu consideravelmente o número de casos de crianças e adolescentes que apresentam os dois tipos de diabetes.

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